História

 

 

A Associação Promotora do Ensino dos Cegos foi fundada a 12 de março de 1888 criando posteriormente uma das primeiras escolas portuguesa para alunos cegos, o Asilo-escola António Feliciano de Castilho.

Victorina Sigaud Souto foi a grande promotora desta instituição. Era filha de José Francisco Xavier Sigaud, um médico francês (1796 – 1856) que viveu e trabalhou no Rio de Janeiro como médico do Imperador D. Pedro II. Cidadão influente, dedicou-se ao desenvolvimento da imprensa médica e das associações de medicina. Casou com Eugene Jeanne Geneviève Fargès, de quem teve quatro filhos: Victorine Sigaud, Adèle Marie Louise Sigaud, Camile Sigaud e Eugenio Pierre Sigaud.

Adéle Marie Louise Sigaud era a segunda filha da família, nascida em 1840 e cega aos 14 anos de idade. Em consequência, o Dr. Siguad deslocou-se a Paris e informou-se de todos os processos de aprendizagem e apoio ali desenvolvidos no Instituto Nacional para os Jovens Cegos fundado por Valentin Haüy em 1784 para ensino das crianças cegas. Em estreita colaboração com o professor de Braille da sua filha, que havia sido educado naquele mesmo Instituto, José Álvares de Azevedo (1834 – 1854), um jovem cego brasileiro, criou a estrutura que viria a dar origem ao Imperial Instituto dos Meninos Cegos (1854), sob o patrocínio do Imperador e onde a jovem Adèle seria professora.

Quando a sua irmã Victorina (1836-1904) veio para Portugal, cerca de 1851, tendo profundo conhecimento de todas estas questões relacionadas com pedagogia adaptada, ficou muito impressionada com a falta de recursos para os cegos no nosso país. Ficou particularmente tocada com a situação de um casal sem recursos para providenciar cuidado aos seus doze filhos, seis dos quais eram cegos. Fundou assim, a Associação Promotora do Ensino dos Cegos, preparando a instauração a 12 de Março de 1888 do Asilo-escola António Feliciano de Castilho, cujos trabalhos foram inaugurados a 1 de Janeiro de 1889 “dedicado ao suporte e educação moral, intelectual e profissional da infância cega, admitindo internos e pensionistas de ambos os sexos”.

Ao lado de Victorina Sigaud Souto, diversos intelectuais e políticos portugueses colaboraram e apoiaram a fundação desta escola, tal como o organista francês Leon Jamet (1864-1941), José Cândido Branco Rodrigues (1861-1926), Fernando Maria Pereira Palha Osório Cabral – Presidente da Câmara de Lisboa de 1886 a 1890 assim como participante no Congresso Universal de Paris para o Benefício dos Cegos – e o poeta e pedagogo João de Deus (1830-1896) a quem pertence o mérito de ter sido a primeira pessoa a trazer livros em Braille para Portugal.

Angariando apoios diversos, o asilo-escola passou por instalações cedidas em Pedrouços e Campo de Ourique, sendo finalmente construído o edifício na rua Francisco Metrass, projetado em 1910 pelo Arquitecto Bessone Mauritty e inaugurado dois anos depois.

Encontramos os seus estatutos publicados em Alvará de 1 de Maio de 1888 e reformados por Alvarás de 26 de Fevereiro de 1891, 3 de Maio de 1909 e 9 de Dezembro de 1926.

O nome escolhido para este instituto foi o de António Feliciano de Castilho (1800-1875). Castilho foi o adaptador do Método de Leitura Repentina (1850) e o grande lutador pela instituição de um Ministério da Instrução Pública. Em 1853 foi nomeado Comissário-Geral de Instrução Primária pelo Método de Leitura Repentina.

A assunção da figura de António Feliciano de Castilho para a designação do asilo-escola evoca assim ideais agnósticos, liberais e urbanos, defendidos por um pedagogo, ele próprio cego, promotor de debates associados a questões metodológicas do ensino da leitura e escrita e sua utilidade para a civilização dos povos.

Encontramos Castilho, lembrado onze anos depois da sua morte, como “cego sublime” no periódico social Ilustração Portuguesa. Igualmente na Ilustração Portuguesa encontramos uma referência ao motivo da denominação deste instituto, por ocasião da divulgação de uma festa na sede, ainda provisória.

Em artigo ilustrativo das atividades cultivadas no Instituto é mencionado “O asylo António Feliciano de Castilho foi fundado em memória do talentoso cego que deixou o seu nome vinculado a literatura portuguesa da mais brilhante maneira.”

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